Três Semanas
transcorreu sem maiores problemas desde aquela noite de jantar na casa do casal
Smith.
Com a viagem do
Dr. Pedro Henrique, Rosa assumiu a responsabilidade pelo escritório, ela sentia
que havia algo de estranho nessa viagem de urgência que seu patrão teve que
fazer, na despedida no aeroporto ela sentiu que Pedro estava nervoso além do
normal.
- Pedro você
está me escondendo alguma coisa? – havia perguntado.
- Estou não
minha filha, apenas é uma viagem de negócios como sempre. –procurou tranqüilizá-la.
- Não esqueça
que o senhor me prometeu sempre me contar o que está acontecendo com você, por
que isso agora, eu estou te sentido muito nervoso além do normal com essa
viagem. – ponderou.
- Não é nada de
mais, daqui a pouco estarei de volta e tudo vai voltar ao normal. – nisso uma
voz feminina fez a chamada do vôo – Bom deixa eu ir, meu vôo já vai sair, cuida
do escritório, qualquer coisa me liga e se precisar de ajuda fale com o Freitas
e o Frazão que já instruir os dois pra qualquer eventualidade. – recomendou e
acariciou o rosto dela. – Sinto te deixar nesse momento minha filha, mais
realmente eu preciso fazer essa viagem. – falou com a voz embargada emoção,
pela possibilidade de nunca mais poder vê-la novamente.
- Tudo bem,
estarei te esperando e não precisa ficar emocionando. – enxugou o rosto dele –
Acho que já falei isso para o senhor, de que o tenho como meu pai, mas nunca
tive coragem de te chamar assim, mais hoje me deu uma vontade de te abraçar e
te chamar de pai, eu posso? – pediu carinhosamente enquanto acariciava seu
rosto.
- Claro. – abriu
os braços para recebê-la.
- Eu te amo
tanto papai, te adotei no dia em que você manteve a minha proposta de emprego,
você me ajudou no momento em que mais precisei, não tenho outro carinho por
você se não o de filha, não sei o que seria de mim se você não me desse apoio
desse o começo, pai. – confessou em meio ao abraço.
- Foi um prazer
para mim recebê-la em minha vida como minha filha, Rosa. E nunca vou me
arrepender de ter feito o que fiz. Você foi a maior preciosidade que apareceu
na minha vida depois que a minha esposa e meu filho faleceram, e eu e minha
esposa tínhamos planos de ter mais um filho, na época em que ela morreu estávamos
tentando ter uma menina, foi quando tudo aconteceu. Mais você me apareceu
depois e não pude deixar de me apegar a você, minha filha. – lhe contou o
segredo que mais lhe machucava, a perda da esposa e do filho ainda criança em
um acidente de carro. Depois dessa fatalidade nunca teve interesse em constituir
uma nova família, se entregou totalmente a sua empresa, ao trabalho e esqueceu-se
da vida pessoal, do amor que havia trancado em seu peito e tudo voltou a se
manifestar quando Rosa apareceu em sua vida, reacendendo aquele sentimento e
passou a amá-la como a filha que nunca teve a oportunidade de ter.
- Fico feliz de
saber que o senhor não resistiu ao meu charme. – sorriu.
- Rosa minha
filha, não há como resistir ao seu charme, como seu próprio nome já diz você é
uma Rosa, delicada, perfumada e ao mesmo tempo forte pelos espinhos que possui.
- E por causa
disso eu quero que o senhor me avise se estiver acontecendo algo entendeu
papai. – falou tocando com o dedo indicador no peito dele exatamente em cima do
coração dele.
- Sim eu aviso
mais nesse momento não há necessidade de preocupação. Ok? – pegou sua mão e
deu-lhe um beijo e a colocou contra o peito.
- Ok.
Ao se lembrar
dessas palavras Rosa não pode deixar de se emocionar, pois sempre teve muito
carinho com o Pedro Henrique e desde que o deixou no aeroporto a caminho de São
Paulo não teve muitas noticias dele, pois sempre que o procurava o telefone
dava na caixa postal.
E preocupada com
ele resolveu procurar mais informações sobre essa viagem.
- Oi Silvia, por
favor, tem como você vir aqui na sala da diretoria, por favor? – pediu pelo
interfone.
- Sim Rosa, já
estou indo. – desligou o telefone e foi ao encontro de Rosa. – Pois não Rosa em
que posso ajudá-la? – perguntou após entrar na sala.
- Silvia, por
acaso o Dr. Pedro te falou alguma coisa sobre essa viagem que está fazendo? –
preocupada.
- Falou não
Rosa, ele não me passou nenhuma informação sobre essa viagem, para falar a
verdade a única coisa estranha que eu reparei foi que ele me pediu pra comprar
a passagem, mas quando eu perguntei qual hotel ele queria que eu fizesse a
reserva ele disse que não era necessário. – comentou.
- Foi para São
Paulo mais não reservou nenhum hotel, mais que estranho. – pensou – Esse meu
pai está me escondendo alguma coisa. – pensou em voz alta.
- Pai? –
perguntou sem entender.
- É mais isso
agora não vem ao caso. Eu quero é saber o que está acontecendo, já tem três
semanas que ele viajou e não deu noticias. Estou muito preocupada com ele. –
enquanto pensava no que estava acontecendo com o Pedro Henrique dispensou
Silvia para seus serviços e o Freitas advogado do escritório entrou.
- Com licença
Rosa. – pediu.
- Sim Freitas,
pode entrar. – consentiu.
- Rosa eu
gostaria que você assinasse alguns documentos que precisam de sua assinatura,
para dar continuidade numa transação que o Pedro Henrique deu entrada. – e entregou
um envelope.
- Minha
assinatura? – perguntou sem entender – Como assim transação, eu só tenho uma
procuração pra assinar documentos referente a projetos do escritório.
- Bom não posso
dar mais informações Rosa, simplesmente preciso da sua assinatura me
autorizando dar continuidade na transação. – respondeu.
- Posso saber
pelo menos do que se trata? – curiosa.
- Se a senhora
confia no Pedro Henrique creio que não terá com o que se preocupar.
- Ok eu assino. –
retirou os documentos dentro do envelope e leu o que continha mais sem obter
maiores informações, assinou e devolveu os documentos no envelope para o
Freitas.
- Obrigado. –
Freitas agradeceu e se retirou.
Rosa que não era
boba, achou estranho toda aquela situação, a viagem repentina do Pedro Henrique,
o documento a ser assinado por ela dando uma autorização que ela não sabia pra
quê e a falta de ligações do próprio Pedro Henrique.
- O que será que
está acontecendo que eu não estou sabendo.
Em São Paulo.
- Acho melhor
ligar para a Rosa, Doutor. – opinou a enfermeira que auxiliava no monitoramento
dos equipamentos que estavam ligados em Pedro H.
- Eu também acho
Karina mais esse meu paciente é turrão e não me autoriza a fazer a ligação. –
confessou o Dr. Nogueira, olhando para o amigo que estava sedado na cama de
hospital.
- Ele não vai agüentar
muito tempo e pelo que você me contou ela não irá te perdoar se ela não ficar
sabendo a tempo do que está acontecendo. – ponderou.
- Ok, vou agir
como amigo e não como médico, vou ligar para Rosa e informar o que está
acontecendo. Pedro Henrique me perdoe meu amigo mas dessa vez você vai ter que
aceitar as minhas decisões. Por mais que você não queria que a Rosa lhe veja
nessa situação para não preocupá-la, você vai ter que aceitar a preocupação da
sua filha como você mesmo falou. – disse para o amigo que estava dormindo.